Chinchero: Um Vilarejo Super Especial no Peru

Você já ouviu falar de Chinchero?

Quando estava planejando minha viagem ao Peru, duas das coisas que eu mais queria ver além de Machu Picchu eram as mulheres que tingem lã com pigmentos naturais, e a transformação de um inseto em batom.

Essas coisas sempre me fascinaram e desde que descobri que Chinchero, um povoado perto de Cusco, preserva esta tradição antiga, fiquei super interessado em visitá-lo.

Depois de uns dias em Lima, cheguei em Cusco em um domingo no início da manhã.

Cusco é muito maior do que eu pensava, cheia de turistas e moradores locais.

Cheguei no albergue, fiz o check-in e fui até a rua Pavitos para pegar uma van para Chinchero.

Chinchero: Um Vilarejo Super Especial no Peru

Chinchero é um pequeno vilarejo no Vale Sagrado, entre Cusco e Urubamba.

A vila está situada a uma altitude de 3.762 m, 362m mais alto do que Cusco, e oferece vistas surpreendentes da cordilheira de Urubamba.

Depois de 40min de van eu cheguei em Chinchero.

Saindo do carro e andando pelas ruas tive a impressão que aquele povoado era super especial: mulheres bem vestidas com roupas peruanas tradicionais e super coloridas, num ambiente bem interiorano.

A feirinha de Chinchero

A grande maioria das pessoas que visita Chinchero é para conhecer suas famosa e colorida feira (mercado de rua), que acontece às terças, quintas e domingos. Sendo a feirinha dominical, a maior, melhor e mais movimentada.

A feira fica em uma praça perto dos sítios arqueológico e ruínas. É bastante simples: ruas de terra batida e pessoas vendendo seus produtos em lonas azuis no chão.

A feira de Chinchero é freqüentada por moradores da região, a maioria mulheres, e pouquíssimos turistas.

As mulheres são uma atração à parte, vestidas com roupas tradicionais peruanas típicas dessa região: chapéus circulares vermelhos e blusas com detalhes coloridos no punho e na parte da frente, xales vermelho, camisas brancas e saias pretas.

A tranças compõem o visual charmoso e encantador. O look é elegante e impressionante!

A feira tem grande quantidade de frutas, carnes e frutos do mar, além de toneladas de tecidos com diferentes cores, e souvenirs.

Meus olhos brilhavam tanto quanto o sol, e eu estava radiante com todas aquelas cores.

Se as vendedoras estavam elegantemente vestidas, as compradoras não passavam despercebidas.

A maioria delas fazia suas compras usando um chapéu, uma saia, e uma longa trança no meio das costas.

Elas também usavam um tecido colorido envolto no ombro e nas costas para transportar os produtos.

Adoro ver pessoas vestidas com roupas tradicionais quando viajo!

É como se as influências externas do “mundo moderno” não existissem, e ao mesmo tempo, você se transporta para a cultura e realidade desses habitantes.

Passei um tempo observando as pessoas da feira, conversando com moradores, pechinchando, e ainda comi um delicioso almoço.

Mas o que eu realmente queria ver, era as mulheres pintando lã com corantes naturais.

Uma tradição antiga é preservada em Chinchero

Ao lado da feira encontrei uma casa com flores na frente (indicação que naquele lugar as mulheres tingem lãs).

Um jovem me recebeu e chamou as meninas para fazer a demonstração para mim. As duas adolescentes estavam graciosamente vestidas e me convidaram para sentar.

Na minha frente havia algumas plantas, flores, cactos, lã, cestas com tubos de lã, tigelas com folhas, milho e um tubérculo.

Os pigmentos

Uma das moças começou a ralar o tubérculo chamado saqta em uma tigela, em seguida derramou água e misturou tudo.

Ela explicou que este tubérculo é usado para limpar a lã, colocou um pouco de lã bem suja na tigela e lavou. A água transparente de repente tornou-se marrom e a lã branca.

Ela estava apenas começando e eu já estava impressionado!

O segundo passo foi colocar a lã para secar, em seguida formar os fios e enrola-los num tubo.

Elas fazem isso com tanta facilidade que fez uma piada dizendo que podem fazer muitas outras coisas enquanto executam essa tarefa, até mesmo beijar o namorado.

Nunca imaginei que seria tão “fácil” transformar a lã natural em fio têxtil.

Depois ela começou a me mostrar os diferentes pigmentos usados para obter as cores: ch’ilka uma planta, para obter verde; um milho típico do Peru, roxa; folhas de awaypilly, roxo escuro; uma flor chamada qolly, amarelo; a planta kinsakucho, azul; qqaqasunka, um musgo, laranja; cochinilha (Dactylopius cocos), um inseto, para obter a cor vermelha.

Como fixadores elas usam limão, sal, um mineral chamado Qollpa, e urina.

Eu me perguntava como elas descobriram todas essas coisas e desenvolveram todas essas técnicas. É simplesmente inacreditável!

Quando ela pegou a cochinilha, um inseto preto minúsculo, do cacto e esmagou-a, uma cor roxa apareceu em sua mão.

Eu fiquei sem palavras!

A adolescente colocou um pouco de limão para dissolver a cor e explicou que a cochinilha é utilizada internacionalmente na indústria de cosméticos, mas que as peruanas vem usando por centenas de anos.

Ela colocou um pouco de cor vermelha em seus lábios usando o dedo.

Provavelmente esse é o batom mais barato do mundo. Como elas são sortudas!

O tingimento

O próximo passo foi demostrar como tingir a lã: colocar em água fervente com o respectivo pigmento e fixador em uma quantidade de tempo que varia de acordo com a cor que deseja obter.

Em seguida, elas colocaram a lã tingida (que pode ser de ovelha ou alpaca) para secar, e depois estará pronta para ser utilizada no tear.

A família usa teares para fazer roupas, bolsas, tapeçarias e tecidos em geral.

Tudo cuidadosamente feito à mão e tão colorido que é impossível resistir e não comprar algo.

A Antakillka é uma empresa familiar, e o conhecimento tem sido passado de geração em geração.

Eles falam espanhol e quechua (outra língua oficial do Peru), e fazem a apresentação todos os dias das 08h às18h. A demonstração é gratuita, mas gorjetas são muito bem-vindas.

As meninas são tão adoráveis e simpáticas, que eu desejei ficar lá o dia inteiro para aprender tudo.

Me senti tão grato e privilegiado por visitar Chinchero e ver que todas estas tradições antigas ainda estão preservadas.

Espero que elas possam ficar imunes à globalização e a tecnologia, porque é tão fascinante e interessante exatamente do jeito que é.

Boa viagem e divirta-se no Peru.

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Assista o Vídeo: Tingimento de Lãs e Feirinha de Chinchero

Visitando Chinchero

Onde fica Chinchero?

Chinchero é um dos sete distritos da Província de Urubamba e está localizado 30 Km de Cusco (veja a localização exata aqui no mapa).

Melhor época pra visitar

Você pode visitar Chinchero durante todo o ano, mas levando em consideração que você está visitando Cusco e Machu Picchu, a melhor época para visitar esses lugares são Maio/Junho e Setembro/Outubro.

Como chegar a Chinchero saindo de Cusco

Você pode pegar uma van, saindo de Cusco para Ollantaytambo, mas minha recomendação é que você reserve um passeio com um guia pois é muito melhor.

Esse passeio para o Vale Sagrado dos Incas tem um preço excelente, transfer para o hotel incluso, e você vista Pisac, Ollantaytambo e Chinchero. Reserve seu passeio online com antecendência aqui.

Se você quiser visitar apenas Chinchero, eu recomendo fazer essa Excursão de Meio Dia.

Onde se hospedar?

Fiquei no Hostal Malqui em Cusco.

Custos da viagem

• Vôo de São Paulo para Cusco com Avianca: R$ 1458.
• Quatro noites no Hostal Malqui: R$ 134 com café da manhã incluso.
• Van de Cusco para Chinchero: 12 soles (US$ 3,50).

* Preços de 2016

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